Antes tarde do que nunca

convencao_juliobrant_edmundo3_edgardmacielOs vascaínos, invariavelmente, confundimos tradição com paralisia. Não fosse isso, não haveria discussões tão inflamadas como as que vimos recentemente por conta de design modernos para a terceira (!) camisa de futebol, com ares meramente promocionais.

Nosso estatuto, por exemplo, é fruto desse modelo arcaico e desconexo com a realidade atual. A ideia de um grupo de pessoas que tenham cadeira vitalícia em um dos poderes do clube pode combinar com os remotos tempos ditatoriais que alguns, inclusive, andam clamando de volta por aí. Mas jamais está em acordo com os tempos de hoje, mesmo no futebol cujo avanços não se são tão céleres assim.

Eleições diretas? Qual nada. A gente até se guia pela cabeça da chapa, mas o processo é tão lento e antiquado quanto a cabeça de boa parte de nós, torcedores. Somos um clube de origem em colônia, mas não precisamos manter a ideia colonizada. As raízes portuguesas servem para exaltar nossa história, não para fincar a agremiação a um pretérito sem vida, enquanto concorrentes e rivais veem escudos de menor expressão nos ultrapassarem.

De que adianta um passado glorioso se o futuro se apresenta sombrio e desesperançado? Caminhamos na contramão do mínimo básico para se manter competitivo em nosso esporte principal, mas a passos largos para nos tornarmos um América-RJ, um Bangu, uma saudade.

E a principal ameaça dessa situação é de que as pessoas se deixem levar pela falácia de alguns, caso emblemático do candidato Eurico Miranda. A ideia de segurança que ele busca transmitir é tão sincera quanto o gol que levamos de nosso arqui inimigo na final do Carioca desse ano. Se uma figura como a dele teve relevância em épocas anteriores do futebol, quando nomes como Castor de Andrade, Marcio Braga, Vicente Matheus e outros dessa estirpe definiam regras e campeonatos com bravatas e socos na mesa, é claro e cristalino que hoje qualquer time de várzea exige um mínimo de profissionalismo que ele não oferece. E o seu próprio mandato à frente do Vasco é suficientemente pálido para que ninguém, em sã consciência, pinte-o como oportunidade, mesmo diante de administração tão caótica e falha como a era Dinamite.

Acontece que a ideia de consciência saudável não costuma acompanhar o cruzmaltino em épocas eleitoreiras. Geralmente, o judiciário e a força policial é que fazem as vezes de acompanhantes, com resultados que, tantas e tantas vezes, só servem para apequenar ainda mais nossa instituição.

Pelo que sinto, sem a frieza das estatísticas ou a dubiedade das pesquisas, é que a maioria dos que votam deixará-se levar pela promessa enganosa de volta a um passado que jaz finado. Viver o ontem é ver morrer, pouco a pouco, a possibilidade de um amanhã. Quero, como em tantas análises recentes que tenho feito, estar equivocado. Não sei o quanto estamos, exatamente, próximos de acabar, considerando o que já fomos um dia. Mas sei que estamos perto do fim como nunca estivemos em nossa fausta história. O tempo está se esgotando, mas pode ser que ainda dê tempo.

O verdadeiro risco desta eleição é, na ânsia por tentar conquistar um passado de glórias que já é nosso, sem risco de perda, abrirmos mão de buscar o futuro triufante que merecíamos ter.

Hoje, nenhum candidato é capaz de te assegurar dias melhores. Entretanto, no cenário atual, Julio Brant é o único que traz essa expectativa. E quando as certezas são de fracasso, o sucesso pode vir exatamente numa possibilidade.

Quem sabe? Antes tarde do que nunca.

2 pensamentos sobre “Antes tarde do que nunca

  1. Concordo totalmente com suas palavras. Mas confesso que estou com medo, principalmente pelo que ouvi de umas pessoas no maraca.. existem pessoas mesmo que estão iludidas com o discurso mentiroso e atrasado do Eurico.. uma pena..
    Espero que eu esteja enganado e o Júlio Brant ganhe a eleição.

  2. Monteiro e eurico não possuem nada a oferecer ao Vasco. O segundo nem planejamento sabe fazer. Desconhece o futebol moderno assim como o atual treineiro.

    O que temos é uma possibilidade!

    É nisso que devemos depositar nosso futuro como clube que outrora foi Gigante e hoje não passa de clube mediano, tanto pelo futebol que apresenta, quanto pelas conquistas que tivemos em 14 anos. Time Grande não fica 14 anos sem vencer um campeonato nacional e hoje o Vasco nem consegue vencer a segunda divisão!! Imaginem vencer a primeira!

    Torço e tenho a esperança de ver o Vasco novamente forte! Para isso será necessário uma nova forma de pensar. Planejamento, estrutura, investimentos na base, contas em dias, contratos por produção, centro de treinamentos e de recuperação para os atletas, etc… Isso só irá acontecer se o torcedor quebrar o paradigma de que é preciso recorrer ao velho.

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